O 32º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental (CBESA) – o Congresso da ABES, realizou seu segundo dia de trabalhos no Expominas, em Belo Horizonte, Minas Gerais, na terça-feira, 23 de maio. Os participantes tiveram uma experiência enriquecedora ao explorar uma variedade de tópicos relevantes para o setor, trazidos por especialistas e referências no campo. Durante os debates, foram abordados temas de grande importância, como a regulação da concessão e manejo de resíduos urbanos, a melhoria ambiental das bacias e as novidades da ABNT NBR 15784.
Aprofundadas, as discussões proporcionaram uma visão abrangente e atualizada do panorama da engenharia sanitária e ambiental, permitindo aos participantes obter conhecimentos valiosos e insights relevantes para suas áreas de atuação.
Promovida pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – ABES, esta edição do mais importante evento de saneamento ambiental do Brasil teve como tema central “Saneamento ambiental: desafios para a universalização e a sustentabilidade”.
Os painéis foram divididos entre diálogos setoriais, sessões de câmaras temáticas e sessões com quatro eixos: esgoto, resíduos e economia circular, recursos hídricos e meio ambiente, e desenvolvimento operacional e inovação das empresas de saneamento.
O Congresso da ABES é o ponto de encontro do setor e dos sanitaristas do país e aconteceu de 21 a 24 deste mês, envolvendo a comunidade acadêmica, especialistas do setor e organizações parceiras brasileiras de outros países para discutir os temas mais relevantes em engenharia sanitária e ambiental em sua concepção mais ampla, abordando desafios, políticas públicas, soluções e tecnologia. Cliqiue aqui e confira as imagens do evento
PAINÉIS TEMÁTICOS
Desenvolvimento operacional e inovação nos sistemas de abastecimento de água
Eixo Desenvolvimento Operacional e Inovação nas Empresas de Saneamento
No painel moderado por Ricardo Röver Machado, coordenador da Câmara Temática de Gestão de Perdas e Eficiência Energética da ABES, o Congresso ABES 2023 debateu o desenvolvimento operacional e a inovação nos Sistemas de Abastecimento de Água.
A falta de acesso à água tratada afeta milhões de pessoas no Brasil atualmente. Diante desse desafio, o novo Marco Legal do Saneamento estabeleceu uma meta ambiciosa: até 2033, a expectativa é que 99% da população tenha acesso à água potável. Para atingir esse objetivo, é fundamental buscar soluções inovadoras e avançadas para os sistemas de abastecimento de água. O foco está na melhoria da disponibilidade e qualidade da água que chega às torneiras das pessoas, por meio da adoção de práticas sustentáveis e técnicas avançadas de tratamento. Um dos principais desafios enfrentados pelos serviços de abastecimento de água é garantir o aproveitamento eficiente desse recurso precioso. Isso envolve a busca por soluções que possam mitigar riscos relacionados à qualidade e quantidade da água tratada e distribuída.
Integraram o debate como palestrantes Alexandre Gomes de Souza, superintendente de Operações da Região Metropolitana de Goiânia da Saneago (Saneamento de Goiás); Leandro Alberto Novak, gerente de Desenvolvimento Operacional da Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná), e Cristiano Gonçalves N. Gouveia, superintendente de Gestão Operacional da Caesb (Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal).
Ricardo Röver enfatizou que a mesa contou com especialistas de diversas empresas de saneamento que já passaram e estão passando pela experiência de inovação e compartilharam muito conhecimento e soluções. “Para nós, ficou evidente a importância de nos aliarmos a IA, a gestão de BIG Data e outras tecnologias disponíveis para conseguirmos melhores resultados aplicados na gestão operacional do sistema de abastecimento, principalmente na redução de perda e eficiência energética”, destacou.
Alexandre Gomes de Souza o tema desenvolvimento operacional e inovação tecnológica ressaltou a importância do tema. “Se desenvolver operacionalmente significa ter perdas baixas. Hoje, no Brasil, conseguimos trabalhar com perdas abaixo de 10%, hoje acompanhamos dois casos de sucesso. Agora com a aplicação das novas tecnologias como IA, IOT, Internet das coisas e Big Data podemos vislumbrar um futuro brilhante para o saneamento”, resumiu o especialista.
Diálogo Setorial 7: Agenda Regulatória
As normas de referência são responsáveis por estabelecer diretrizes e padrões que garantem a qualidade na prestação dos serviços, oferecendo segurança jurídica para a realização dos contratos. Diante desse contexto, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) reestruturou a Agenda Regulatória, que tem como objetivo central a elaboração das normas necessárias para o aprimoramento do setor.
No “Diálogo Setorial 7: Agenda Regulatória”, o Congresso ABES 2023 abordou a temática, promovendo o diálogo sobre o desenvolvimento da Agenda Regulatória. Foram discutidos diversos aspectos relacionados, como a relação entre a ANA e as agências reguladoras subnacionais, a participação das entidades da sociedade civil nesse processo e a interação com a Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental, responsável pela gestão das políticas públicas do setor no âmbito do Governo Federal.
Os palestrantes convidados para aprofundar o tema foram Mariana Schneider, coordenadora de Modernização e Governança Regulatória da ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico), Gustavo Zarif Frayha, diretor de Regulação Técnica e Fiscalização dos Serviços de Saneamento Básico da Arsesp (Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo); Percy Soares, diretor-executivo da Abcon Sindcon (Associação e Sindicato Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto); e Aline Oliveira, coordenadora da Câmara Técnica de Regulação da Aesbe (Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Saneamento).
Marisa Guimarães, coordenadora da Câmara Temática de Regulação e Tarifa da ABES, moderadora do debate, destacou a importância do painel. “Falar sobre a Agenda Regulatória para o setor de saneamento do Brasil é essencial. Hoje, discutimos com entidades de múltiplas instâncias do saneamento brasileiro, um diálogo rico e diverso que contribuiu para chegarmos a um consenso: a agenda regulatória é um desafio. Colocar tudo em normas para que possam orientar o setor de saneamento para prestar um bom serviço é um desafio. Temos muito trabalho a fazer, ele precisa ser feito, mas esse trabalho é de uma complexidade enorme. Mas fazer esse tipo de discussão e troca nos ajuda a fortalecer e construir um caminho seguro para que a gente possa fazer saneamento no Brasil com excelência e serviços regulados de forma adequada”, comemorou.
Para Gustavo Zarif Frayha, é importante enfatizar que as normas de referência que estão sendo feitas pela ANA são muito importantes. “Agências como a Arsesp tem dado todo o apoio para que sejam elaboradas boas normas e principalmente para que elas possam ser aplicadas em benefício do setor do saneamento, dos prestadores de serviços e dos usuários, que é a população em geral”, resumiu.
Diálogo Setorial 8: O crescimento da participação do setor privado na prestação de serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário
O painel “Diálogo Setorial 8:O crescimento da participação do setor privado na prestação de serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário”, realizado na terça-feira (23), no Congresso ABES 2023, abordou as diversas formas de contratação utilizadas pelas prestadoras privadas de serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário, tais como contratos de concessão integral e parcerias público-privadas. O objetivo principal foi discutir as vantagens e desvantagens dessas diferentes formas de contratação, bem como explorar a visão das prestadoras privadas sobre o futuro do setor. O novo Marco Regulatório, que busca ampliar ainda mais a participação do setor privado, foi destacado como um dos propósitos dessa discussão.
Rogério Tavares, vice-presidente de Relações Institucionais da Aegea, trouxe sua expertise para o debate, enriquecendo as discussões com sua visão sobre as diferentes formas de contratação e as implicações dessas modalidades para o setor. Marilene Ramos, diretora de Relações Institucionais e Sustentabilidade da Águas do Brasil, contribuiu com sua visão sobre o futuro do setor, compartilhando perspectivas e destacando os principais desafios e oportunidades que se apresentam para as prestadoras privadas.
Roberto Muniz, diretor de Relações Institucionais e Sustentabilidade da GS Inima, trouxe sua experiência para abordar a convivência e a combinação de atuação entre os prestadores privados e públicos. Sua participação permitiu explorar as possibilidades de cooperação entre os dois setores, visando à eficiência e à sustentabilidade na prestação dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário.
“Este painel foi fundamental e deu um fechamento de outros painéis que ocorreram aqui onde os palestrantes trouxeram detalhes do novo marco regulatório do saneamento, de etapas que precisam ser esclarecidas não só pra população mas para os municípios que são o poder concedente, para ter segurança nessa transição é tão importante que nosso país está vivendo”, afirmou a moderadora Ana Elisabeth Carara, presidente da ABES Seção do Rio Grande do Sul.
Ela acredita que a questão do crescimento da participação do setor privado na prestação de serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário é uma situação delicada que conta com muitos desafios. “É uma situação complicada em várias regiões, então ficamos com a sensação de estarmos contribuindo nesse processo não só como uma associação sempre atenta à novidade, à tecnologia, mas também à questão social”, acrescentou.
“Universalização de fato: o que vale de agora em diante? Indicadores de gestão alinhados às normas de referência da ANA. O risco de medir mal e os impactos na avaliação da concessão”
Câmara Temática da ABES de Indicadores de Desempenho para Saneamento Ambiental e Câmara Temática da ABES de Prestação de Serviços e Relacionamento com o Cliente
Com as metas estabelecidas pelo novo Marco do Saneamento, surge a necessidade de definir e utilizar indicadores de gestão adequados para avaliar o progresso e garantir a qualidade dos serviços prestados. Durante o painel “Universalização de fato: o que vale de agora em diante? Indicadores de gestão alinhados às normas de referência da ANA – Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico. O risco de medir mal e os impactos na avaliação da concessão”, foram abordadas questões relacionadas aos indicadores de universalização da água e esgoto, bem como às normas de referência elaboradas pela ANA. Essas normas têm o objetivo de promover uma maior uniformidade nas informações e esclarecer as discussões sobre o que deve ser considerado na avaliação da universalização.
Além disso, o painel abordou a importância da eficiência e eficácia na prestação dos serviços de saneamento, levando em conta as necessidades e expectativas dos clientes, da sociedade e de seus representantes. Também foram discutidos os aspectos de sustentabilidade sob as perspectivas social, ambiental e econômico-financeira, a fim de garantir que os investimentos e ações realizados resultem nos impactos esperados.
O painel contou com as presenças de Cintia Leal Marinho de Araujo, superintendente de Regulação do Saneamento Básico da ANA, Gustavo Justino de Oliveira, professor de Direito Administrativo da USP (Universidade de São Paulo) e consultor do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) para Saneamento Básico, e Cíntia Vilarinho, especialista em regulação da LIS Water.
A mediação do debate ficou a cargo de Sandro Adriani Camargo, coordenador da Câmara Temática da ABES de Indicadores de Desempenho para o Saneamento Ambiental, enquanto Ernani Ciríaco de Miranda, especialista em Saneamento, e Juliana Almeida Dutra, coordenadora da Câmara Temática de Prestação de Serviços e Atendimento ao Cliente da ABES, atuaram como debatedores, enriquecendo as discussões com suas contribuições.
O painel proporcionou uma oportunidade para compartilhar experiências e perspectivas sobre a definição e uso adequado de indicadores de gestão no setor de saneamento. O objetivo principal foi buscar a qualificação desses indicadores para garantir uma avaliação precisa dos esforços de universalização, melhoria dos serviços e investimentos realizados.
“Quando a gente fala sobre esses indicadores pode parecer uma coisa simples mas na verdade é uma questão muito complexa. Existe uma construção da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) nas normas de referência pra orientar as agências infra nacionais, mas também temos uma boa parte de municípios que hoje nem tem agência prestando um serviço a eles, e estamos falando de mais ou menos 1500 municípios”, comentou Sandro Adriani.
Para ele, ainda temos muito a evoluir em relação à questão da medição da universalização, seja de água ou esgoto. “Estamos pensando aqui na evolução dos critérios que devem ser utilizados para que possamos ter uma comparação e possamos avançar na medição pra termos um pouco mais de certeza sobre os números que estamos construindo para o país. Nós vivemos em um país continental com muitas soluções, mas muitas vezes uma solução que é aplicada para uma região não é a mesma que deve ser aplicada em outra região, estado ou município”, acrescentou.
Universalização do Saneamento – o que a ABNT NBR 15784 traz de novidade para a proteção da saúde da população abastecida
Câmara Temática da ABES de Prestação de Qualidade de Produtos Químicos
Organizado pela Câmara Temática de Prestação de Qualidade de Produtos Químicos da ABES, o painel “Universalização do Saneamento – o que a ABNT NBR 15784 traz de novidade para a proteção da saúde da população abastecida” trouxe uma perspectiva mais integral de que todos os atores envolvidos no saneamento são responsáveis e têm um papel a cumprir para que a população seja beneficiada.
Participaram os convidados Everton Melo dos Santos, diretor de Estudo e gerente Físico-Químico do Laboratório Brasil da NSF Internacional, Mercedino Carneiro Filho, assessor-técnico da Dryller Indústria e Comercio de Hidróxidos Ltda, e Marco Aurélio Venditti, gerente de Assistência Técnica da Bauminas Águas.
A coordenadora da Câmara Temática de Qualidade de Produtos Químicos da ABES, Maria Cristina Coimbra Marodin, também palestrou e dividiu a moderação com sua colega de Câmara, Vasti Ribeiro Facincani.
Segundo Cristina, a discussão em torno da universalização do saneamento foi uma construção de décadas. Quando o grupo se reuniu pela primeira vez, em 2004, ainda não havia esse senso de responsabilidade compartilhada.
“Cada um estava preocupado com si. A gente começou com 92 pessoas pensando nesse assunto. Eram 60 fornecedores diferentes, de empresas de saneamento, laboratórios e universidades, com uma visão própria. Essa construção levou a um senso comum de que o objetivo final era a saúde da população. Assim como você bebe, eu bebo a mesma água, meus filhos e meus netos vão beber. Passou daquela visão de cada um cuida de si para uma compreensão mais holística de que somos responsáveis”, explicou.
A especialista crescentou que o painel foi importante por trazer um “spoiler do que vai acontecer”. “A gente fica feliz de ver as pessoas se envolvendo, querendo evoluir dentro desse processo, a confiança que é criada entre os setores. São vários atores envolvidos, desde a área de saúde ao fornecedor do produto químico, ao laboratório que faz análise e também a quem está usando esse produto. Isso é uma cadeia, e cada um fazendo sua parte, a gente consegue proteger a saúde da população”, complementou.
Também membro da Câmara Temática de Qualidade de Produtos Químicos da ABES e moderadora da conversa, Vasti diz que o debate foi muito importante porque esmiuçou e respondeu a questionamentos sobre o que deverá ser feito a partir da publicação da NBR 15784.
“O painel elucidou dúvidas a respeito do que vai vir em termos de mudança e o que devem fazer os fornecedores de produtos químicos para tratamento de água e os laboratórios que fazem avaliação dos produtos. Os escolhidos para sentar aqui estão desde o princípio dessa história, e isso passa a resposta de pessoas que têm experiência com o processo”, avaliou. Para ela, o ponto forte do debate foi saber dos passos para a confiabilidade dessa avaliação. “O processo está bem maduro nessa direção. O mais importante é o que vamos fazer daqui pra frente, temos um lição de casa, uma empreitada que era demanda e que agora é compulsória e reconhecida pelo Ministério da Saúde”, finalizou.
Young Connection For Today/Conexão Jovem para o Hoje
Jovens Profissionais do Saneamento-JPS
O programa Jovens Profissionais do Saneamento (JPS), ação de desenvolvimento contínuo da ABES, entrou em ação no segundo dia de trabalhos do Congresso ABES 2023 com o painel “Young Connection For Today/Conexão Jovem para o Hoje”. O debate mostrou o impacto real de lideranças jovens no setor.
A emergência climática exige ações com resultados práticos e imediatos. Nesse sentido, a busca pelos ODS é urgente, bem como seus resultados efetivos. Portanto, mudar o cenário atual está diretamente ligado a capacidade de dialogar, mobilizar e engajar a sociedade sensibilizando sobre o poder que cada indivíduo tem ao ser a “gota” que compõem a onda da mudança. O Painel Young Connection For Today representa uma iniciativa que busca discutir experiências, cases e ações lideradas por jovens, através do trabalho voluntário, pelo Mundo. O norte da discussão é: “como nos tornamos a gota que forma a onda?” – em alusão a capacidade que cada indivíduo tem de promover a mudança do local com efeitos globais.
Os convidados para falar sobre o assunto foram Federico Pesa, representante da Associação Interamericana de Engenharia Sanitária e Ambiental (AIDIS Jovem), Erleyvaldo Bispo, fundador da startup Águas Resilientes, Thiago Bressani Ribeiro, idealizador da Jornada Água, Saneamento e Juventudes, e Maria Fernanda Bentubo, coordenadora do JPS-SP, além de Rayssa Jacob, coordenadora do JPS-Rio, e Luan Oliveira, membro do JPS-Rio. A moderação ficou por conta de Witan Silva, coordenador Nacional do JPS.
Erleyvaldo considerou o painel um espaço privilegiado para engajar a juventude. “Nós estamos no 32º Congresso da ABES, um espaço que reúne diferentes pessoas, de diferentes setores e de diferentes backgrounds. Esse espaço nos permite dialogar com a juventude sobre água e saneamento, já que os desafios linkados a essas agendas no Brasil são enormes. Precisamos envolver a juventude para pensar em soluções, possibilidades e como de fato transformar esse setor e transformar toda a sociedade brasileira, que merece acesso a água e saneamento adequado”, avaliou.
Maria Fernanda conta que o encontro era muito esperado pelo grupo e todo o congresso. “O painel reuniu lideranças jovens de programas distintos, mas que se unem em propósito. É uma oportunidade de se conhecer pessoalmente e ter percepções de regiões distintas do país. É uma oportunidade de troca e de inspiração para ser jovem no setor de saneamento hoje”, afirmou.
Witan acrescentou que o painel revelou o potencial do impacto que o programa tem. “Somos o maior programa de lideranças jovens da América Latina. O programa promove integrações internacionais com países da América do Norte, América do Sul, continente africano, Europa e Austrália. Foi muito enriquecedor poder ouvir o exemplo desses jovens que representaram nossa juventude na Conferência da Onu, que atuam no desenvolvimento de tecnologias e que promovem, através do voluntariado, o engajamento de um setor que é efervescente em mudança, que revela uma rica diversidade que precisa ser expressa e entendida em todos os campos do saneamento”, explicou.
Para ele, a promoção da interlocução é um dos grandes desafios da área, o que ficou claro no painel. “Essa distância geracional e setorial precisa ser quebrada. É urgente uma chamada para formas de integração que identifiquem e agreguem essa diversidade. É inadmissível que a gente ainda persista em um setor tradicionalmente com comportamentos machistas, com remunerações distintas entre homens e mulheres que desempenham a mesma função e estão nos mesmos cargos, ou que promovam qualquer tipo de segregação étnica e regional. Tornar o setor abrangente, diverso e equânime quanto ao acesso é fundamental. Acredito que esse foi um dos grandes chamados à juventude, para que a gente promova mais espaço, se integre e estabeleça um diálogo promotor dessa mudança”, concluiu.
Regulação e Concessão para Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos
Eixo Resíduos e Economia Circular
O painel “Regulação e Concessão para o Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos” contou com a moderação de Rodrigo Franco, subsecretário de Gestão Ambiental e Saneamento da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (SEMAD). Compuseram ainda a mesa Paulo Daroz, especialista em Regulação de Recursos Hídricos e Saneamento Básico da ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico), Thaís Vidal Saraiva, advogada de Infraestrutura e Saneamento da Felsberg Advogados, Gustavo Gastão, diretor-geral da Agência Reguladora Intermunicipal dos Serviços de Saneamento da Zona da Mata e Adjacências (ARIS-ZM), e Silvano Silvério da Costa, do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) da Casa Civil da Presidência da República.
O moderador agradeceu à ABES pelo convite para participar do painel e destacou que as discussões foram extremamente enriquecedoras. “Foram abordados temas importantes para a regulação e concessão para manejo dos resíduos sólidos urbanos no Brasil. Onde temos um cenário vencedor com a PPI, a nível federal, que traz ótimos resultados para Minas Gerais, por meio dessa parceria com o Governo do Estado, através da SEMAD. Durante o painel, tivemos o tema das parcerias abordado sob a ótica da ANA, com a fala do Paulo Daroz, tivemos a grande experiência do Gastão, com a ARIS-ZM, que faz esse trabalho regional de regulação, e as colocações da doutora Thaís, que compartilhou sua relevante vivência jurídica. Destaco ainda a participação do auditório, que foi excepcional, fazendo perguntas inteligentes que contribuíram muito para enriquecer o debate. Acho que contribuímos com esse grande projeto, que é o 32º Congresso da ABES. Tanto Belo Horizonte, quanto Minas Gerais saem desse evento felizes com o grande trabalho realizado aqui nesse painel”, avaliou
Silvano Silvério disse que o painel discutiu com muita propriedade a importância das concessões comuns para resolver o problema da destinação adequada dos resíduos sólidos urbanos no Brasil. “Essa é uma alternativa importante, que garante a sustentabilidade econômica, a inclusão de catadores, e uma rota tecnológica mais completa”. E aqui discutimos também a necessidade da regulação e da fiscalização dos serviços. De forma geral, o painel serviu para apresentar a experiência de uma agência reguladora regional, a visão de uma advogada que atua na área, e a visão do governo federal, por meio da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico, e do nosso PPI, que apoia a estruturação dessas concessões comuns no Brasil”, argumentou.
Melhoria Ambiental das Bacias Hidrográficas através da implementação de soluções baseadas na natureza
Eixo Recursos Hídricos e Meio Ambiente
O painel “Melhoria ambiental das bacias hidrográficas através da implementação de soluções baseadas na natureza” reuniu Flávia Carneiro, superintendente de Planos, Programa e Projetos da ANA (Agência Nacional de Água e Saneamento Básico), Carlos Nobre, da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Rio Grande do Norte, Adriana Francisca da Silva, analista Ambiental do Igam (Instituto Mineiro de Gestão das Águas de Minas Gerais), Mayná Coutinho, presidente do Comitê Guandu, e Alessandro de Oliveira Palhares, gerente da Unidade de Controle Ambiental da Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais).
De acordo com Josivan Cardoso Moreno, coordenador da Câmara Temática de Recursos Hídricos da ABES e moderador do painel, o encontro discutiu melhorias nas bacias hidrográficas com ações baseadas na natureza. Melhorias que foram demonstradas durante as palestras por meio dos projetos que estão sendo aplicados. O painel destacou que nem tudo exige tantas tecnologias avançadas para transformar e melhorar a qualidade dos nossos recursos hídricos. E que é possível executar programas baseados na própria natureza, que é quem faz de maneira correta.
“Tivemos a apresentação da Copasa, do Comitê Guandu, e da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico, que demonstrou o funcionamento do Programa Produtor de Águas. Contamos com importantes intervenções do Igam – que é o instituto aqui de Minas Gerais, e com a experiência do Rio Grande do Norte, que representado pela Secretaria de Recursos Hídricos, trouxe projetos que já estão colhendo resultados positivos na produção de água, conservação da natureza, das florestas e dos recursos hídricos”, avaliou.
Segundo ele, foi possível reunir no painel toda a diversidade regional do nosso país: representantes do Sul, Sudeste, Norte, Nordeste e Centro Oeste, discutindo programas e projetos baseados na natureza para trazer melhorias para o meio ambiente. Que é o que realmente precisamos”, completou.
Adriana disse que as soluções baseadas na natureza são um assunto bastante atual. “Temos vários projetos acontecendo no Estado de Minas Gerais, com a participação de várias instituições, todas alinhadas com o mesmo objetivo, que é a manutenção da qualidade dos recursos hídricos. Buscamos sempre políticas mais alinhadas entre as instituições, através dos acordos de cooperação. Debater esse tema tão importante permite descobrir em que nível está a atuação de cada instituição e assim alinhar os trabalhos para atingir os objetivos”, analisou.